Publicado na Folha de Londrina
A saída do deputado estadual Tiago Amaral (PSB) da vice-liderança do governo na AL (Assembleia Legislativa do Paraná) foi o ápice de longos dias de desgaste. Assim que anunciado o decreto do governador Ratinho Junior (PSD), que ampliava o rigor das medidas de combate à pandemia de Covid-19 – incluindo o fechamento do comércio – em Londrina e mais sete regionais de saúde, na quarta-feira (1), o parlamentar iniciou uma articulação para reverter a situação. Dizendo-se a favor de que municípios têm competência e responsabilidade para conduzir a crise, Amaral afirmou que somente soube da extensão da decisão do governo quando informado oficialmente. “Havia tentado falar com os responsáveis na Casa Civil e na Saúde, até porque, como líder, precisava defender as medidas na sessão da Assembleia”, lembrou. “Na verdade, eu não tenho como defender algo do qual não participei da construção e de que não concordo. Isso não fez me sentir à vontade para permanecer no meu posto, mas isso não muda a minha relação de respeito com o governo”.
Uma longa conversa com o governador por telefone selou, no sábado (4), a renúncia da vice-liderança. Um dos motivos que mais pesaram foi a proximidade do deputado com as principais entidades empresariais da cidade, em especial as que compõem a Comissão de Desenvolvimento e Infraestrutura do Norte do Paraná, da qual Amaral é um dos fundadores. O deputado, em sua argumentação com Ratinho Junior, defendeu a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que dá autonomia às cidades na administração da crise. “Tentei argumentar com o governador, que defendeu a posição dele. Ele me afirmou da gravidade do que vem ocorrendo e que outras regiões deverão ser fechadas. Mesmo assim, expliquei meus argumentos e entreguei o posto. É algo digno, melhor do que atacar uma decisão do governo e permanecer na liderança”, disse.
CANDIDATURA
Apontado como um dos pré-candidatos à Prefeitura de Londrina, Tiago Amaral afirma ser parte de um projeto para a cidade, em conjunto com as entidades que o apoiam, e que nada muda com sua saída da vice-liderança do governo. O parlamentar afirmou que era favorável à mudança das eleições para 2022 porque o País não vive um momento adequado para se discutir política. Ele criticou duramente as falas do ex-vereador de Londrina Jamil Janene (PP), que disse que a decisão do governo tinha caráter eleitoral para Amaral na corrida á prefeitura – conforme a FOLHA noticiou. “O Brasil é um péssimo exemplo de como passar por isso tudo unidos. Mostra como politizar a vida das pessoas. Essa situação é uma das coisas mais grotescas e esdrúxulas da nossa política. As lideranças, ao invés de ventilar falsas ideias, deveriam voltar ao foco que é um só. Como manter os empregos e garantir a saúde e a vida da população”, concluiu.